A década de 90 foi um marco para a avaliação
educacional. Somente nos últimos dez anos, foram feitos oito
estudos internacionais com o intuito de comparar o desempenho de
alunos e sistemas escolares. Entre eles, destacam-se o Laboratório
Latino-Americano de Avaliação da Qualidade de Ensino
(Unesco/Oreal), o Terceiro Estudo Internacional de Matemática
e Ciência (Timms) e o Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa).
O Pisa é uma avaliação patrocinada pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) que visa traçar um panorama mundial da educação
com a aplicação de testes trienais nas diversas áreas
do conhecimento. Realizado pela primeira vez em 2000, o Pisa enfatizou
a proficiência em leitura.
Em 2003, a prioridade será dada à Matemática
e, em sua terceira edição, às questões
de Ciências. Em 2000, participaram os
29 países membros da OCDE, além de Brasil, Letônia
e Rússia. Para a próxima edição do Pisa,
Chile, Peru e Tailândia estão com presença confirmada.
Repercussões (Fontes: Agência PontoEdu, Agência
USP e MEC Notícias)
Paulo Renato Souza, ministro da Educação
Para o ministro, o mau resultado tem duas explicações.
O último lugar se deve ao confronto com os países
desenvolvidos. Por outro lado, como o exame foi aplicado em alunos
de 15 anos dos diversos países, a defasagem entre idade e
série prejudicou o Brasil. Paulo Renato acredita que a LDB
traz soluções para o problema, através de iniciativas
para reduzir a repetência. Ele cita a substituição
de séries pelo sistema de ciclos e as classes de aceleração.
"Nosso desempenho não foi trágico. (...) Fomos
audaciosos ao nos comparar com os países mais desenvolvidos.
(...) Se nós eliminarmos a defasagem entre idade e série,
nossos resultados vão melhorar. (...) Há políticas
do ministério que corrigem essa diferença. Porém,
sua implementação é responsabilidade do mantenedor
do sistema educacional, ou seja, dos municípios e estados."
Marcos Bagno, doutor em Lingüística da USP
Segundo o especialista, as notas baixas no Pisa são resultado
da maneira equivocada com que a escola encara o ensino de Língua
Portuguesa: "Pesquisas apontam que o grande foco do ensino
de língua portuguesa está na gramática, pois
a maior parte dos professores dedica setenta por cento de suas aulas
às normas, quando a ênfase deveria ser na leitura e
na escrita".
Cláudio de Moura Castro, economista e consultor em educação
Para o consultor, os dados do Pisa são prova de que as escolas
estão ensinando muitas coisas, mas não o essencial:
o domínio da linguagem. "Das mil coisas e conteúdos
que a escola faz ou tenta fazer, o Pisa está nos mostrando
que ela se esquece da mais essencial: dar ao aluno o domínio
da linguagem. Se fosse necessário gerar um slogan para todas
as escolas de todos os níveis, esse seria: só há
uma prioridade na escola brasileira: ensinar a ler e entender o
que está escrito."
Nelio Bizzo, professor da Faculdade de Educação
da USP
De acordo com o educador, responsável pela coordenação
da área de Ciências do Pisa, as questões, discursivas
e de múltipla escolha, são elaboradas com a ajuda
dos países participantes. O exame, portanto, faz um diagnóstico
significativo da educação brasileira. "Os testes
foram feitos por alunos de escolas públicas e particulares
de todos os cantos do Brasil, de Norte a Sul, de todas as classes
sociais, o que torna o Pisa um indicador preciso de nosso sistema
educacional. (...) Os exames nacionais, como o Enem e o Saeb, apresentam
falhas estruturais, pois se baseiam em questões de múltipla
escolha, que praticamente não permitem que o aluno tire nota
zero."
Para ir mais longe:
Leia a nota oficial do MEC que avalia o desempenho
do Brasil no Pisa. O ministério diz que, se a mesma prova
fosse aplicada somente para alunos com 9 ou mais anos de escolaridade,
isto é, sem atraso escolar, a média brasileira seria
431, de um total de 625 pontos. Ainda assim, a média brasileira
se elevaria apenas ao patamar de outros países emergentes,
como México, Rússia e Letônia. Os doze países
mais bem colocados atingiram médias entre 507 e 546 pontos.
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Nesse artigo, Gilmar Piolla comenta como a avaliação
se tornou uma tendência internacional na década de
90 e suas repercussões na realidade brasileira. O jornalista
discorre sobre "os efeitos que elas [as avaliações]
têm causado sobre a qualidade do ensino e a influência
exercida nas políticas educacionais". Tomando como exemplos
o Saeb, o Provão e o Enem, ele considera que a avaliação
é indispensável, mas precisa ser repensada.
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Sob o título "Países asiáticos
são os melhores", a revista Nova Escola analisa o resultado
do Timms, do qual participaram 45 países, um número
recorde. Com base nos dados obtidos, o texto procura desfazer certos
mitos. Alguns países conseguiram boas notas, mesmo com baixo
investimento e muitos alunos em sala. A matéria conclui que
não há soluções definitivas e que cada
país deve buscar seu modelo. Em um quadro à parte,
é relatada a maneira como alguns países fazem a avaliação
de seu sistema de ensino.
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Nesse artigo pontuado por muitos dados e tabelas,
Maria Helena Guimarães de Castro, ex-presidente do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), avalia a participação
do Brasil em estudos comparativos da educação mundial.
Ela acredita que "o país conseguiu criar um eficiente
sistema de informações que abrange todos os níveis
e modalidades de ensino, da educação infantil à
pós-graduação".
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