O furacão Katrina passou pelos EUA deixando para trás milhares
de mortos, 10 bilhões de dólares em prejuízo e uma das
cidades mais famosas do país completamente devastada.
NOAA - National
Oceanic & Atmospheric Administration
U.S. Department of Commerce
Foto
de satélite mostra o furacão Katrina cobrindo o Golfo do México.
Antes de o furacão Katrina atingir Nova Orleans, no dia 29 de agosto,
80% de seus habitantes já tinham evacuado a cidade, mas os que permaneceram
lá jamais poderiam imaginar o desespero que iriam enfrentar. Dos que
ficaram, a maioria era composta pelos habitantes mais pobres, que não
tinham carro para fugir de lá e tiveram de procurar abrigo — muitos
se deslocaram para o estádio de futebol Superdome, um procedimento recomendado
pelas autoridades de segurança norte-americanas em casos como esse.
Quando o furacão passou, derrubou casas e árvores, arrastou barcos
e carros e, como a intensidade dele era muito maior do que a cidade podia suportar,
muitas estradas foram destroçadas, dutos e plataformas de petróleo
foram arrastados, e o mais grave: dois diques que evitavam que o Rio Mississipi
e um lago alagassem a cidade se romperam, devastando a cidade, alagando 80%
dela e matando milhares de pessoas. Os habitantes que foram para o Silverdome
ficaram ilhados, e os que saíram de Nova Orleans antes da destruição
não tinham mais uma cidade para onde voltar.
Com a ausência de autoridades policiais, o caos começou a dominar
a região: gangues armadas passaram a saquear a cidade, atrapalhando o
processo de resgate; helicópteros que buscavam retirar pacientes de um
hospital foram baleados e interromperam o serviço; a comida lançada
sobre a cidade para alimentar a população foi capturada, inicialmente,
apenas pelos membros dessas gangues, que usaram suas armas para impedir que
outras pessoas chegassem até as caixas de suprimentos. Enquanto isso,
os que estão ilhados passam sede e fome e encontram-se suscetíveis
a doenças causadas pelas condições higiênicas deploráveis.
Noticiou-se que ocorreram, dentro do estádio, casos de estupro, morte
por desidratação, ferimentos a bala e suicídios.
Depois de alguns dias em que as autoridades federais pareciam paralisadas e
incapazes de combater o caos social instalado em Nova Orleans, o exército
entrou na cidade no primeiro fim de semana de setembro para resgatar os ilhados
e impor a ordem. A população resgatada foi deslocada para abrigos
e estádios de outros estados e deverá ficar lá até
que suas casas sejam consideradas habitáveis novamente. Entretanto, as
autoridades acreditam que levará meses para que os diques sejam reparados.
Mas o que vai acontecer com os habitantes da cidade que saíram de lá?
Quanto tempo eles vão conseguir viver em outros locais como refugiados,
sem emprego ou moradia? Mesmo que a cidade seja reconstruída, será
que seus antigos moradores estarão dispostos a voltar?
Nova Orleans
Nova Orleans é uma cidade singular e histórica nos EUA. Fundada
e colonizada por franceses, foi a capital da colônia da Luisiana na época
em que estes colonizaram vastas áreas do atual território norte-americano
em busca de peles para abastecer as cortes européias. A localização
era estratégica: na foz do Rio Mississipi, o maior dos EUA e um rio facilmente
navegável, possibilitando chegar à região central da América
do Norte. A colônia da Luisiana foi originalmente ocupada pelos franceses,
mas também recebeu influência espanhola por um breve período
(de 1762 a 1800). Em 1803, os recém-independentes EUA compraram da França
todo o território.
O intenso comércio da cidade portuária conferiu a ela prosperidade
e fama; entretanto, trouxe problemas que perduram até hoje, como altos
índices de prostituição e criminalidade. A jogatina nos
cassinos flutuantes que partiam de Nova Orleans e navegavam pelo Rio Mississipi
e a agitada vida noturna da cidade fizeram dela um atrativo para turistas e
artistas: até hoje, ela atrai muitas pessoas que querem conhecer os famosos
bares e casas de show onde nasceram o jazz e o blues. Estima-se que, em 2004,
mais de 10 milhões de turistas tenham visitado essa cidade de 500 mil
habitantes. Além de conhecer o berço do jazz e do blues, os turistas
vão a Nova Orleans para celebrar o mardi gras, nome dado ao carnaval
pelos franceses. Essa é a única cidade norte-americana em que
o carnaval é celebrado, já que, nos EUA, apenas ela recebeu influência
francesa e católica. Por isso, é conhecida também como
a “cidade do carnaval” pelos americanos.
As festas e a boa vida pelas quais Nova Orleans é conhecida mascaravam
um problema que se tornou aparente para o mundo — ela é também
uma cidade pobre e um retrato da grave divisão racial de muitos locais
nos EUA: 28% de sua população vive em extrema pobreza e, dessa
parcela, a maior parte é composta por afrodescendentes. Esses pobres
foram os que ficaram para trás durante a evacuação da cidade.
Muitos líderes negros acreditam que a inércia do governo em tentar
resolver o problema dos ilhados nos primeiros dias se deve a racismo. Eles alegam
que, se essa mesma tragédia tivesse ocorrido em uma cidade de maioria
branca, a defesa civil e o exército teriam agido com mais velocidade.
O prefeito da cidade, opositor de Bush, também reclama muito de que investimentos
do governo federal para tentar combater a pobreza na região foram reduzidos
recentemente e de que a capacidade dos diferentes níveis de governo em
garantir boas condições de vida à população
local é muito pequena, e o pedido de ajuda (sem precedentes em toda a
história) que os EUA fizeram à Europa pode servir para ilustrar
isso.
Como é formado um furacão
Glossário Clique nas palavras abaixo para ver o significado
delas no Dicionário Aurélio.
O período em que geralmente ocorrem tempestades nos EUA compreende
do início de junho ao fim de setembro. Está prevista a ocorrência
de 18 a 21 tempestades no Atlântico nesta temporada e, dessas, nove têm
chances de se transformar em furacões. Até hoje, o ano com mais
tempestades registradas no Atlântico foi 1933, com 21.
As tempestades são batizadas com nomes que seguem uma ordem alfabética
seqüencial: a primeira da temporada deve ter um nome iniciado com a letra
A; a segunda, com a letra B; e assim por diante. Todos os anos são elaboradas
duas listas de nomes: uma para as tempestades do Atlântico e outra para
as do Pacífico. Em 2005, as tempestades do Atlântico de número
ímpar em ordem cronológica receberam nomes femininos; e as pares,
masculinos. Para as tempestades do Pacífico, foi estabelecido o inverso.
Veja os nomes das tempestades que
já se formaram em 2005 no Atlântico:
» Arlene
» Bret
» Cindy
» Denis (se tornou um furacão)
» Emily (se tornou um furacão)
» Franklin
» Gert
» Harvey
» Irene (se tornou um furacão)
» Jose
» Katrina (se tornou um furacão)
Os cinco maiores
Existem três listas em que se registram os danos de furacões.
Veja os cinco maiores de cada relação antes do Katrina:
Os mais mortais
Os mais caros
Os mais intensos
Furacão sem nome definido
Galveston, Texas, 1900:
entre 8 mil e 12 mil mortos
Furacão Andrew
Flórida 1992:
US$ 26,5 bilhões
Furacão sem nome definido
Flórida Keys, 1935
Furacão sem nome definido Flórida, 1928:
1.836 mortos
Furacão Hugo
Carolina do Sul, 1989:
US$ 7 bilhões
Furacão Camille
Mississipi e Luisiana, 1999
Furacão sem nome definido
Flórida e Texas, 1919:
600 a 900 mortos
Furacão Floyd
Carolina do Norte, 1999:
US$ 4,5 bilhões
Furacão Andrew
Flórida, 1992
Furacão sem nome definido
Nova Inglaterra, 1938:
mais de 600 mortos
Furacão Fran
Carolina do Norte, 1996:
US$ 3,2 bilhões
Furacão sem nome definido Flórida e Texas, 1919
Furacão sem nome definido
Flórida Keys, 1935:
423 mortos
Furacão Opal
Flórida, 1995:
US$ 3 bilhões
Qual o nome do furacão?
Lago Okeechobee, Flórida, 1928
A previsão das autoridades é de que o furacão Katrina
fique em segundo lugar em todas essas listas depois que os danos e mortos forem
contabilizados.