Brasil se esvai com o dólar
Assim como no resto do mundo, o maior baque sentido pelo
país foi no bolso, já que os atentados fizeram
com que o dólar sofresse com as consecutivas baixas e
a concorrência do euro.
Oficialmente, o número de vítimas brasileiras
mortas no ataque ao WTC em 11 de setembro é três.
Mas, para Fernando Sampaio, professor e reitor da Escola Superior
de Geopolítica e Estratégia, a principal conseqüência
de 11 de setembro para o Brasil foi de ordem econômica,
assim como para a maior parte do mundo.
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Foto da parte interna do Anel E do Pentágono onde o Boeing 757 caiu. |
O professor explica que a conseqüência direta
dos ataques foi uma crise na economia americana, seguida de
um reforço da Comunidade Européia. Isso acarretou
a valorização do euro e a quebra do dólar
como moeda de fundo de reserva no mundo. “Pela primeira
vez na história, nós temos duas moedas que podem
servir de lastro. Isso acirrou em muito a concorrência
entre Europa e EUA. Os países árabes, por exemplo,
passaram a recusar o dólar como lastro”, afirma
Sampaio.
Com isso, o petrodólar (dólar gerado pela venda
de petróleo dos países que o produzem) desapareceu
do mercado, aumentando a escassez da moeda americana. “Como
primeira conseqüência, o Brasil sofre um movimento
especulativo, reflexo da falta da moeda americana e da proximidade
das eleições presidenciais. Já que os
investidores tendem a investir seus dólares em locais
seguros, houve fuga da moeda e a queda do país nos
rankings internacionais de avaliação. E, na
verdade, ainda reforçamos essa crise pelos nossos problemas
internos”, sentencia o professor.
Alca
Mesmo com a crise desencadeada, Sampaio acredita que os atentados
não mudaram o panorama da Alca, a Área de Livre
Comércio entre as Américas, como os meios de
comunicação insistem em divulgar, e o Brasil
não sentirá maiores conseqüências
se souber discutir. “Os termos da Alca não mudam,
já que eles foram definidos muito tempo antes dos atentados.
Na verdade, o risco que vejo é que os EUA desistam
da Alca e comecem a fazer acordos bilaterais, o que seria
de interesse para o Chile, por exemplo. A questão é
que, assim como a Europa, os EUA são protecionistas.
Cabe ao Brasil discutir e chegar a acordos que sejam bons
e nos favoreçam. Não realizar esses acordos
ou não entrar na Alca é condenar o Brasil ao
empobrecimento eterno”.
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