Por César Munhoz
Os primeiros mil anos da região que
se tornaria a Rússia — e, depois, a União Soviética
— foram um emaranhado de disputas entre povos diversos. Da terra, eles
tiraram seu sustento, deixando o sangue de seus antecessores e suas impressões
na cultura e no próprio povo. Entre eles estiveram cimérios, eslavos,
citas e sármatas. Em 200 d.C., chegaram os godos, invasores germânicos
que, após sofrerem ataques de diversos grupos asiáticos, como
os avaros e hunos, viram-se obrigados a seguir para outras áreas, expandindo
a parte habitada da região. Os cazares, tribo de comerciantes igualmente
asiáticos, chegaram por volta de 650 e estabeleceram-se no sudeste da
Rússia. Também comerciantes eram os varangos, povo escandinavo
que tinha entre seus grupos um que levava o nome de “rus”. Acredita-se
que dessa palavra saiu o nome “Rússia”.
Kiev, a pátria-mãe
Do forte comércio criado pelos varangos surgiram as primeiras cidades,
entre elas, Kiev. Na época mais que uma cidade, Kiev (também conhecida
como Rússia Kievana) era um principado, tido como matriz do Estado russo.
Fundada em 882 pelo príncipe Oleg, Kiev viveu seu auge sob o comando
de Vladimir e Yaroslav. O primeiro instituiu a Igreja Ortodoxa Oriental de Bizâncio
como a fé oficial do Estado. O segundo ficou conhecido como “o
Sábio”, por incentivar o ensino e criar o código de leis
Russkaya Pravda.
Com a morte de Yaroslav, em 1054, Kiev entrou
em declínio, fragmentando-se em vários principados menores. Sua
decadência culminou com a invasão dos mongóis ou tártaros,
que submeteram a região a seu domínio por dois séculos.
Se, por um lado, este é um período de grande sofrimento e opressão,
historiadores modernos consideram a hipótese de que os tártaros
não chegavam a importunar a população, cobrando seus tributos
diretamente dos príncipes. Há ainda a hipótese de que príncipes
russos mantinham acordos com os grupos de mongóis para proteger o povo
dos ataques de outros grupos, como, por exemplo, dos Cavaleiros Teutônicos.
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