Moscou: o novo centro do poderUm dos efeitos indiretos da invasão dos mongóis foi a transferência
do centro regional de Kiev para Moscou, em parte porque Kiev foi praticamente
destruída durante o período. Condições geográficas
e políticas favoráveis (como o fato de Ivã I, então
príncipe de Moscou, ter adquirido status de primeiro vassalo
dos tártaros) também contribuíram. A transferência
foi consolidada quando Moscou passou a ser também sede da Igreja, tornando-se
a capital religiosa da região. A nação russa foi finalmente
formada quando Ivã III (o primeiro a se intitular Czar) pôs fim
ao domínio tártaro e passou a exercer autoridade sobre os outros
principados, incluindo o de Kiev.
Ivã o Terrível
O reinado de Ivã IV é um capítulo à parte na História
da Rússia. Órfão de pai aos três anos e de mãe
aos oito (supostamente assassinada), Ivã IV sofreu muito nas mãos
dos Bielsky e Shuisky, famílias da aristocracia russa que ficaram com
o poder enquanto ele ainda era criança. Ele deixou relatos que afirmavam
que teria passado grandes privações, inclusive fome, enquanto
as duas famílias se matavam (literalmente) pelo poder e roubavam os cofres
públicos. Conta-se também que era obrigado a assistir a sessões
de tortura e execuções. Possivelmente, esses são motivos
que explicam por que ele foi um dos tiranos mais cruéis de toda a História,
recebendo a alcunha “o Terrível”.
Coroado aos 16 anos, Ivã fez um bom
começo de reinado, com medidas progressistas, como incentivar a impressão
de livros, a tradução de manuscritos russos para outros idiomas
e instituir o ensino obrigatório de música nas escolas. Mas, após
a misteriosa morte de sua esposa Anastasia (que teve um papel importante, influenciando
o marido na tomada de uma série de medidas benéficas), ele tornou-se
um ditador violento e cruel. Paranóico em relação à
possibilidade de estar sendo traído, comandou uma polícia secreta
chamada Oprichnina, com a finalidade de torturar e matar qualquer suspeito rebelde.
Conta-se que os Oprichniks eram, na verdade, um grupo de criminosos que juraram
eterna lealdade ao czar. Chegaram a acabar com um povoado inteiro, o de Novogárdia,
acusado de rebelar-se contra ele. Ivã IV constantemente tinha ataques
violentos e, num deles, golpeou um dos filhos — acusado de o estar traindo
— até a morte. Morreu em 1584 e, apesar do trono ter ficado com
o filho mais novo, Fyodor, não foi ele quem efetivamente exerceu o poder:
ele ficou com o cunhado, Boris Godunov, que para garantir sua permanência
no cargo, matou Dmitri, o filho de Fyodor. Porém, apareceram dois “Dmitris”
reivindicando a paternidade de Fyodor. Depois de muita confusão, o trono
não ficou com nenhum deles: a Assembléia Geral entregou-o a Mikhail
Romanov, que tinha parentesco com a Anastasia de Ivã.
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