Dá pra erradicar a dengue?
A maioria dos experts diz que não. A doença
já se alastrou por quase toda a América. Sem
um combate continental, é muito difícil riscar
a dengue do mapa. Digamos que o Brasil pudesse, como num
passe de mágica, conter o surto e reduzir drasticamente
os mosquitos Aedes aegypti dentro de suas fronteiras. Assim
mesmo, o risco de novas epidemias não estaria descartado.
Na ausência de uma vacina contra a doença,
brasileiros que visitassem os países vizinhos poderiam
muito bem reintroduzir a moléstia.

Na falta de uma vacina e sem
poder erradicar a
dengue, a solução é combater os focos
de mosquito.
Bom se a preocupação fosse só o fluxo
internacional de pessoas. O turismo doméstico também
propaga a dengue. Para se ter uma idéia, durante
os quatro dias do carnaval de 2002, o Rio recebeu cerca
de 370 mil visitantes, 70% deles de outros estados. Com
base nisso, o economista Ib Teixeira, da Fundação
Getúlio Vargas, estima que 800 turistas tiveram um
motivo a mais para a ressaca da Quarta-feira de Cinzas.
Eles levaram a dengue para suas cidades de origem. Por isso,
todos devem combater o mosquito, mesmo onde ele ainda não
é problema de saúde pública.
Outro motivo que impede a erradicação da
dengue é que o controle do mosquito tem de ser feito
em cada residência. Com o inchaço das cidades,
é impossível repetir o feito de Oswaldo Cruz,
que baniu o Aedes aegypti em 1903, enquanto ele espalhava
a febre amarela - doença muito mais séria
que a dengue - por todo o Rio de Janeiro. Há quase
cem anos, o Brasil era um país rural e não
havia mais que 20 milhões de brasileiros. O que está
ao nosso alcance é manter a dengue sob controle verificando
se há focos do mosquito em todas as casas e locais
de trabalho.
Imagem cedida pela ONG sueca UBV. Foto
de Erik Gustavsson.
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