Lula é eleito o novo presidente do Brasil
Com 61% dos votos válidos, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito
ontem (27/10) o 20.º presidente do Brasil escolhido através do voto
direto. Lula termina sua campanha com um número recorde de eleitores: 52.750.337.
É o primeiro líder de um partido de esquerda eleito presidente no
país e, no cargo, o primeiro operário, o primeiro civil sem diploma
universitário e o primeiro natural de Pernambuco a exercê-lo como
titular.
Mas o caminho até o Palácio do Planalto não foi fácil.
Foram quatro candidaturas consecutivas. Em 1989, ele quase conseguiu, tendo
sido preterido em favor de Fernando Collor. Cinco anos depois, foi vencido não
por um candidato, mas por um plano econômico, perdendo pela primeira vez
para FHC. Há quatro anos, foi derrotado pelo primeiro presidente que
concorreu à reeleição. Mas agora, em 2002, Lula venceu
o economista José Serra, 60, candidato oficial do governo, duas vezes
ministro de FHC e uma das principais lideranças do PSDB.
Após 22 anos de existência do partido, três derrotas e oito
anos de oposição ao governo de Fernando Henrique, o ex-torneiro
mecânico de 57 anos chega à Presidência da República.
Desafios
Agora Lula terá a difícil tarefa de reunir uma base de apoio
sólida no Congresso Nacional, capaz de votar as reformas importantes
de que o Brasil precisa e que possa sustentá-lo diante da crise econômica
e de credibilidade junto a setores do mercado que tanto preocupa o país.
Isso sem falar na pressão que sofrerá de seus eleitores, que mais
do que nunca depositaram suas esperanças num governo que seja popular
— mas não populista — capaz de fazer mudanças sociais
que não comprometam os avanços econômicos já conseguidos
e façam o país passar por problemas parecidos com os que a Argentina
atravessa.
Sinal da aproximação do PT com setores conservadores é
a escolha do empresário José Alencar Gomes da Silva, 71, para
vice na chapa. Político mineiro do PL, o senador José Alencar
será um dos interlocutores do novo governo com setores empresariais e
conservadores do establishment.
A guinada ao centro também rendeu à candidatura a adesão
dos ex-presidentes José Sarney (PMDB-AP) e Itamar Franco (sem partido),
do ex-governador Orestes Quércia (PMDB), dos empresários Eugênio
Staub (Gradiente) e Josmar Avelino (ex-presidente da Klabin) e a declaração
do ex-ministro do regime militar Delfim Netto (PPB-SP) de que o PT faria um
governo social-democrata "de verdade".
O petista conta com uma equipe de articuladores que costurou apoios antes considerados
inimagináveis. Primeiro silenciou a ala mais radical do partido. Depois,
fez visitas à Febraban (Federação Brasileira dos Bancos),
à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), à Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), à Fierj (Federação
das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e à Escola Superior
de Guerra. Em todos os encontros, recebeu elogios e aplausos.
No dia 1.º de janeiro do próximo ano, Lula recebe o cargo diretamente
das mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
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enfrentar nos próximos quatro anos.

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