Por Ederson Santos Lima e César Munhoz 02/06/2008
A partir de 1868, o Japão enfrentou
uma das mais radicais mudanças sociais e políticas de sua história:
a Restauração Meiji. Para entender melhor essa “revolução”
é importante lembrar que a sociedade japonesa na metade do século
XIX ainda se organizava de uma forma muito próxima ao sistema feudal,
semelhante ao medieval europeu, com feudos, nobreza guerreira e reis fracos.
Havia a figura do imperador, mas o poder estava,
na realidade, nas mãos do xogum, que era o chefe militar supremo. Enquanto
isso, o imperador tinha um poder apenas simbólico (ou quase imaginário)
sobre o arquipélago. Além do imperador e do xogum, existiam na
sociedade japonesa os daimios — os grandes proprietários de terras,
detentores de grande parte da riqueza — e os samurais — vassalos
dos daimios que representavam a força militar do reino.
Mas, afinal, o que levou o tradicional Japão
a realizar tantas alterações na sua estrutura militar, política
e social?
Em primeiro lugar, a decadência do regime
de poder dos xoguns, que enfrentava uma crise financeira e fiscal dificultando
sua manutenção; em segundo, a pressão norte-americana para
que o país se abrisse ao comércio e à cultura ocidental;
e uma terceira questão refere-se à insatisfação
de alguns daimios da região sudoeste do país, que não concordavam
com a supremacia de alguns feudos sobre as decisões políticas.
A reunião dessas questões fez
com que os daimios dos feudos de Satsuma e Choshu passassem a apoiar a idéia
de reforçar o poder do imperador, num processo de centralização
administrativa, política e militar. Era o Japão superando seu
período feudal e voltando a ter um imperador realmente forte, controlador
e presente nas questões da vida japonesa. Esse processo foi denominado
de Restauração Meiji.
O sucesso da Restauração Meiji
é considerado fundamental para transformações que viriam
a colocar o Japão na situação de primeira potência
econômica e militar não-ocidental e também a primeira nação
fora do eixo Europa—EUA a derrotar um exército ocidental, no caso
o russo, em 1905, na Guerra Russo-Japonesa.
As principais medidas consideradas fundamentais
para essa revolução foram: fim da separação da sociedade
em castas (samurais e daimios); liberdade religiosa, educação
para toda a sociedade e uma combinação equilibrada entre capitalismo
e penetração das idéias de industrialização
ocidentais.
Além dessas questões, o sucesso
da Restauração Meiji contou com a permanência da estrutura
autoritária do Período Feudal, nas modernas indústrias
japonesas. Os antigos clãs de fazendeiros se reorganizaram e estruturaram
os novos conglomerados industriais, chamados de zaibatsu, e grande
parte dos funcionários eram ex-trabalhadores rurais dos daimios. Estes
implantaram um sistema tão rígido na nova fábrica quanto
havia sido no tempo da agricultura.
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