Japoneses no Brasil: longa e difícil adaptação
Ao vermos atualmente os descendentes de japoneses
inseridos na sociedade brasileira, muitas vezes não imaginamos quão
difícil foi a adaptação dos primeiros imigrantes. Não
era apenas a língua que separava os novos habitantes das terras tupiniquins,
mas também as roupas, a alimentação, a religião...
Enfim, os costumes, de uma maneira geral. O choque foi imenso. Somente para
exemplificar as enormes dificuldades por eles enfrentadas, vale a pena lembrar
das dezenas de imigrantes que morreram na cidade paulista de Cafelândia,
vítimas de malária, uma doença até então
completamente desconhecida por esse povo.
A saga dos japoneses no Brasil já foi
tema de pesquisas em universidades e em muitas reportagens nos jornais e na
TV. Também foi retratada nas telonas de cinema pela cineasta Tizuka Yamasaki
em dois filmes premiados: Gaijin: caminhos da liberdade e Gaijin:
ama-me como sou. Além desses, o comediante Mazzaropi, em 1964,
realizou um longa-metragem abordando a história dos imigrantes e, mais
recentemente (2005), o filme Gambarê mostra como foi a ocupação
do bairro da Liberdade pelos japoneses, na cidade de São Paulo. Vale
a pena conferir!
Voltando aos problemas enfrentados pelos primeiros
japoneses no Brasil, estes aumentaram durante a ditadura de Vargas, o chamado
Estado Novo, que durou de 1937 a 1945. Apesar da admiração de
muitas pessoas do governo de Vargas pelos governos da Alemanha, da Itália
e do Japão, Getúlio decidiu entrar na Segunda Guerra Mundial ao
lado dos Aliados (EUA, URSS, França, Inglaterra).
Foto:
National Arquives (NWDNS-80-G-490487) |
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Monte Fujiyama, visto do convés do navio USS South Dakota, em Tokio
Bay. |
Essa decisão fez com que os japoneses
passassem por sérios apuros no Brasil. Eles, que já eram vistos
por parcelas da população brasileira como “inferiores”
e um povo de “difícil miscigenação”, passaram
a ser olhados com desconfiança, pois o Brasil acabara de declarar guerra
ao Eixo e, portanto, o Japão era um inimigo do Brasil.
Segundo o jornalista Matinas Suzuki Jr., durante essa fase, o governo brasileiro
baixou diversas medidas que acabavam por ressaltar o receio com relação
aos japoneses, aumentando o preconceito que ainda não havia sido superado
naquela época. Entre as medidas, destacam-se: fechamento de 200 escolas
japonesas, proibição aos “japoneses” de falar sua
língua em público, obrigatoriedade que os jornais de orientação
nipônica tivessem versão bilíngüe japonês-português,
apreensão pela polícia dos rádios das famílias de
japoneses (para que, assim, eles não escutassem os programas voltados
à sua comunidade), proibição de dirigir automóveis,
transformação da colônia de produção de pimenta
de Tomé-Açu, no Pará, em prisão, etc.
Com o fim do Estado Novo, essas perseguições
foram reduzidas e, de certa forma, brasileiros e japoneses acabaram superando
as diferenças de forma harmoniosa, o que resultou na existência,
atualmente, de milhares de descendentes nipônicos em terras brasileiras.
Veja abaixo algumas imagens que exemplificam o processo de integração.
Foto:
Acervo do Município de Assai. |
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Meninos brincando de Sumô, um dos principais esportes na terra natal de seus pais. |
Foto:
Acervo do Município de Assai. |
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O Teatro Shibai é representativo dos imigrantes oriundos da região
de Okinawa e tem como característica a união de música,
dança e literatura no mesmo local. |
Foto:
Acervo do Município de Assai. |
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O beisebol foi difundido pelos japoneses no Brasil e acabou se espalhando
na rota cafeeira entre São Paulo e o norte do Paraná, como
é o caso da cidade de Assai. |
Foto:
Acervo do Município de Assai. |
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Bom odori é uma dança trazida ao Brasil pelos imigrantes,
que tem por objetivo oferecer um ritual aos mortos que estão em visita
ao mundo dos vivos. |
Foto:
Acervo do Município de Assai. |
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Em 1964, o grupo jornalístico Diários Associados lançou
uma campanha, em plena ditadura militar, chamada de “Ouro para o bem
do Brasil”. O objetivo era incentivar a doação de ouro
e bens para o novo governo que havia tomado o poder em abril do mesmo ano.
Nessa imagem, um grupo de japoneses participa da campanha. |
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