E haja prece. Não porque existe o risco de a água acabar, mas
para que as pessoas comecem a tomar consciência de como esse líquido,
que chega em abundância pelas torneiras e chuveiros, é importante
para nossa existência e parem de desperdiçá-lo e de contaminá-lo
e, o mais importante, passem a cobrar das autoridades responsáveis, mesmo
que através de e-mails,
a preservação dos mananciais existentes.
Em São Luís (MA), por exemplo, uma capital cercada de água
por todos os lados, todo o esgoto produzido é jogado nos Rios Anil e
Bacanga e no mar, sem qualquer tipo de tratamento. Nem mesmo o Parque Nacional
dos Lençóis Maranhenses, apontado como um dos pontos mais lindos
do mundo — capaz de atrair com sua beleza turistas como Athina Onassis
Roussed (a jovem mais rica do planeta) e a estilista Stella McCartney (filha
do ex-beatle Paul McCartney) —, e as áreas circunvizinhas têm
recebido uma atenção especial.
Em Barreirinhas,
distrito onde se localiza o aeroporto e que é considerado uma espécie
de porta para os Lençóis, 100% do esgoto é jogado in natura
no Rio
Preguiça. Essa realidade atinge também as três
cidades que integram o Parque.
O descaso em relação a esse frágil ecossistema é
tão grande que, apesar de o parque existir há 22 anos, só
há pouco tempo foi feito um Plano
de Manejo visando à sua preservação. Mesmo
assim, como ainda não foi assinado pelo presidente do Ibama, ele não
tem qualquer serventia.
O plano traz até mesmo sugestões de como os fiscais do Ibama
deveriam agir para que o parque — com suas dunas, lagoas, igarapés
e rios — pudesse ser preservado.
Atualmente, para fiscalizar os 150
mil hectares de área (mais ou menos o tamanho da cidade
de São Paulo), o Ibama mantém na região sete funcionários
e uma estrutura mínima. O posto de Atins, por exemplo, não possui
telefone, rádio, carro para percorrer a área ou computador. O
único veículo disponível é um pequeno barco de alumínio,
sem motor. Dessa forma, enquanto os turistas transitam impunemente com suas
pick-ups e jipes realizando verdadeiros ralis sobre as dunas, a “fiscalização”
nada pode fazer.
“O ecossistema no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
é muito frágil e, a menos que o Plano de Manejo seja adotado em
caráter de urgência, no máximo em 50 anos — isso sendo
bem otimista — o equilíbrio na região ficará seriamente
comprometido”, diz o professor Antonio Carlos Leal de Castro, 48, coordenador
do Plano de Manejo do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.