Missão Austríaca No dia 15 de julho de 1817, chegava ao Brasil
a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, que se casaria com o príncipe
regente Pedro de Alcântara, futuro Imperador do Brasil D. Pedro I. Com
ela vieram cientistas, botânicos, zoólogos e artistas europeus,
formando a Missão Austríaca. A vinda de tantos estudiosos muito
se deve à ação da própria imperatriz Leopoldina,
que mostrava grande interesse pelas ciências naturais e pelas artes. Outro
motivo foi a publicação do primeiro volume do livro do geógrafo
alemão Alexander von Humboldt, Viagem às regiões equinociais
do novo continente, feita de 1799 a 1804 por Alexandre de Humboldt e Aimé
Bonpland, obra composta por 30 fólios e quatro volumes.
Na Missão Austríaca estavam Karl Philip von Martius, Johann von
Spix e Thomas Ender, entre outros. Após reconhecerem as regiões
circunvizinhas do Rio de Janeiro, em dezembro de 1817, a expedição
partiu para São Paulo. Depois, rumou para Minas Gerais, Bahia, Pernambuco,
Piauí, Maranhão e Pará. Em 1819, Spix e Martius chegaram
ao Amazonas e seguiram separados: Spix subiu o Rio Negro e seus afluentes; enquanto
Martius rumou para o Rio Solimões e Jupará. Assim, a expedição
viajou cerca de 10 mil quilômetros pelo Brasil durante três anos
(de 1817 a 1820), recolhendo informações sobre a flora, fauna
e sociedade brasileiras.
Em abril de 1820, Spix e Martius voltaram a Belém. Pouco tempo depois,
retornaram à Europa e chegaram a Munique em dezembro do mesmo ano, onde
deram início ao trabalho de catalogação e classificação
do material recolhido durante todo a viagem pelo Brasil. O resultado da Missão
Austríaca foi a publicação dos livros Reise in Brasilien
(Viagem pelo Brasil) e Flora brasiliensis.
Saiba mais:
Conheça na íntegra o livro Flora
brasiliensis, uma das obras mais completas da Botânica nacional.
Produzida entre os anos de 1840 e 1906, apresenta 22.767 espécies catalogadas,
reunidas em 15 volumes.
Biografias
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Karl Friedrich Philip von Martius (Alemanha, 1794–1868)
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Médico e botânico alemão,
Martius estudou Medicina na Universidade de Erlangen e, no último ano
do curso, descobriu a Botânica, sua grande paixão. Veio ao Brasil
em 1817 como membro da Expedição Austríaca, que foi organizada
pelo Rei da Bavária, Maximiliano José I, por ocasião do
casamento da arquiduquesa Leopoldina com o príncipe herdeiro de Portugal.
Enquanto esteve no Brasil, Martius viajou pelo Rio de Janeiro, São Paulo,
Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará
e Amazonas com o zoólogo Johan Baptiste von Spix. Durante a viagem, ele
registrou com desenhos a natureza, etnologia, cultura e sociedade brasileiras.
Martius e Spix retornaram à Alemanha em 1820, levando materiais coletados
durante os três anos em que estiveram no Brasil. Em 1823, Martius foi
convidado a lecionar Botânica na Universidade de Berlim e, posteriormente,
tornou-se diretor do Jardim Botânico de Munique (1826).
Após a morte repentina de Spix, em 1826, Martius prosseguiu com a publicação
do seu diário de bordo Reise in Brasilien e a ilustre Flora
brasiliensis, obra que levou 66 anos para ser completada. Outros livros
de Martius mostram sua preocupação também com os estudos
sociológicos e lingüísticos brasileiros, como aparece nas
seguintes obras: Como se deve escrever a história do Brasil, que lhe
rendeu um prêmio do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro) em 1840; Contribuição para a etnografia e
lingüística da América, especialmente do Brasil,
de 1867; Glossário das línguas brasileiras, de 1863.
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Johann Baptiste von Spix (Alemanha, 1781–1826)
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Zoólogo, naturalista e paleontólogo
alemão, Spix chegou ao Brasil em 1817, como membro da Expedição
Austríaca. Durante a expedição, viajou em companhia do
botânico Martius, percorrendo o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Goiás,
Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas. Ambos retornaram
a Munique em 1820, levando anotações e materiais coletados ao
longo da viagem.
Spix morreu repentinamente aos 46 anos de idade, após a publicação
do primeiro volume de Reise in Brasilien. Seu amigo Martius supervisionou
a produção dos dois últimos volumes, respectivamente editados
em 1828 e 1831.
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Thomas Ender (Áustria, 1793–1875)
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Pintor aquarelista, gravador e desenhista
austríaco, Ender iniciou sua Educação Artística
aos 12 anos, na Academia de Belas Artes de Viena, onde se dedicou à pintura
de paisagem e aquarela, tendo sido premiado inúmeras vezes.
Em 1817, foi convidado a integrar a Missão Austríaca no Brasil,
em companhia de Spix e Martius, entre outros naturalistas e artistas europeus.
Em 1818, partiu com Spix e Martius rumo ao interior do Brasil, mas ficou doente
e retornou para a Áustria. Durante os 10 meses de permanência no
Brasil, produziu cerca de 600 trabalhos, entre desenhos de paisagens e aquarelas.
Esse material não chegou a ser publicado, entretanto, pode ser observado,
em sua maioria, na Academia de Belas Artes de Viena.
Entre os anos de 1819 e 1822, permaneceu na Itália, por ter recebido
uma bolsa de estudos, na cidade de Roma. Lecionou pintura na Academia de Belas
Artes de Viena entre 1824 e 1850. Paralelamente, atuou como pintor oficial da
câmara a serviço do arquiduque Johann, irmão do imperador
austríaco Francisco I.
Conheça
algumas obras de Thomas Ender:
Kupferstichkabinett
der Akademie der bildenden Künste Wien (Áustria)
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Bairro de Botafogo (1817–1818), Rio de Janeiro. |
Kupferstichkabinett
der Akademie der bildenden Künste Wien (Áustria)
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Vista tomada do Corcovado, em direção ao Catumbi
e à Serra dos Órgãos (1817–1818),
Rio de Janeiro. |
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