Maria Emma Hulda Lenk Zigler (1915)
Do Tietê aos Jogos Olímpicos
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Maria
Lenk entrou para o Hall da Fama da natação
em 1988 e foi homenageada com o Top Ten da Federação
Internacional (Fina), título dado aos 10 melhores
nadadores da categoria Master no mundo. |
Tudo começa com uma pneumonia dupla. Depois do susto,
os pais acham que a natação faria bem à
saúde da filha de 10 anos. Na ausência de piscinas,
a paulistana Maria Lenk tem de dar suas primeiras braçadas
no Rio Tietê. Em 1925, o rio não é o esgoto
a céu aberto de hoje.
Aos 17 anos, Maria Lenk já é atleta de nível
internacional. Torna-se a primeira sul-americana a competir
em uma Olimpíada, a de 1932. A delegação
brasileira de natação paga a viagem a Los Angeles
com a venda do café que trouxe no navio. "O que
valia era o conceito do amadorismo. Eu competi com um uniforme
emprestado, que tive de devolver quando as provas acabaram",
lembra.
Em 1932, ela participa das provas dos 100 m livre, 100 m costas
e chega às semifinais dos 200 m peito. Nessa modalidade,
Maria Lenk obtém suas melhores marcas. Em 1939, ele
bate os recordes mundiais dos 200 m e 400 m nado de peito.
No auge de sua forma, é a mais séria candidata
ao ouro olímpico em 1940. Mas a Segunda Guerra Mundial
e suas bombas cancelam o evento.
Outro fato marcante em sua carreira é a participação
inovadora nas Olimpíadas de Berlim, em 1936. Na ocasião,
destaca-se como precursora do nado borboleta entre as mulheres.
Ela se utiliza da braçada deste estilo nos 200 m peito
e, novamente, chega às semifinais da prova.
No
início dos anos 40, é a única mulher
da delegação de nadadores sul-americanos que
excursiona pelos EUA. Maria Lenk quebra doze recordes norte-americanos
e aproveita sua estadia para concluir o curso de Educação
Física na Universidade de Springfield.
Em 1942, abandona a carreira e ajuda a fundar a Escola Nacional
de Educação Física, da Universidade do
Brasil, no Rio de Janeiro. Depois da aposentadoria, Maria
Lenk retorna gloriosamente à raia das piscinas para
competir na categoria Master.
Ela participa de competições até hoje,
aos 85 anos. Em busca das melhores condições
de treinamento, se exercita durante a metade do ano na piscina
do Flamengo e, nos outros seis meses, em Albuquerque, Novo
México (EUA).
No campeonato mundial da categoria 85-90 anos, realizado em
agosto de 2000, ela voltou de Munique com cinco medalhas de
ouro! Maria Lenk foi a campeã dos 100 m peito, 200
m livre, 200 m costas, 200 m medley e 400 m livre.
Nesse torneio, ela ganhou o apelido de Mark Spitz da terceira
idade, uma referência às sete medalhas de ouro
que o nadador norte-americano ganhou na Olimpíada de
Munique, em 72.
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