02/05/2002
Tropas israelenses deixam Ramallah e mantêm cerco em Belém
Com a retirada do exército de Israel, termina
cerco a Arafat, mas cerca de 200 palestinos permanecem sitiados
no interior da Igreja da Natividade, em Belém. O relaxamento
das operações militares israelenses, porém,
não se estendeu a toda Cisjordânia: a cidade de Tulkarem
foi novamente ocupada por tanques.
Terminou, na madrugada dessa quarta-feira (01/05),
o cerco ao quartel-general da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
em Ramallah, Cisjordânia. Com a saída das tropas israelenses,
o presidente da ANP pôde deixar o prédio em que esteve
cercado desde 29 de março - informa a rede de rádio
e tevê britânica BBC.
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Fachada da Igreja da Natividade. Local onde,
segundo a tradição cristã, Jesus teria
nascido. |
Em seu primeiro discurso após a retirada do exército
de Israel, Arafat manifestou o desejo de viajar por toda a Cisjordânia
e homenagear as vítimas da ofensiva israelense. O líder
palestino já visitou um hospital no centro de Ramallah. Durante
o percurso, Arafat foi saudado e cumprimentado por milhares de palestinos.
Assessores da ANP informaram à reportagem da BBC que Yasser
Arafat planeja viajar até Belém, onde cerca de 200
palestinos continuam sitiados na Igreja da Natividade. Quanto às
viagens do líder palestino, o primeiro-ministro de Israel,
Ariel Sharon, recusou-se a garantir o retorno de Arafat caso ele
deixe a Cisjordânia para viagens internacionais.
Tiroteio em Belém
Na madrugada desta quinta-feira (02/05), o templo foi palco do
mais pesado tiroteio desde o início do cerco, há um
mês. A troca de tiros teria provocado um incêndio por
meia hora no interior da igreja. De acordo com testemunhas ouvidas
pela BBC, as chamas atingiram o campanário da Igreja da Natividade.
A construção, datada do século IV, marca, segundo
a tradição cristã, o local do nascimento de
Jesus.
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Imagem do interior da igreja, onde estima-se
que mais de 200 palestinos estão sitiados. |
Em seu primeiro pronunciamento após a retirada das tropas
israelenses, Yasser Arafat afirmou ainda que a operação
militar em Belém é um "grande crime". Israel
diz que um grupo de palestinos armados, além de cerca de
200 civis, está na igreja. O governo israelense nega a acusação
de que teria tentado invadi-la e afirma que os palestinos foram
os primeiros a abrir fogo.
Nova ocupação na Cisjordânia
Apesar do fim do cerco ao quartel-general da autoridade palestina,
em Ramallah, o relaxamento das operações militares
não se estendeu por toda Cisjordânia. Também
na madrugada desta quinta-feira (02/05), tanques de Israel voltaram
a ocupar a cidade de Tulkarem. O governo israelense informa que
cinco pessoas suspeitas de envolvimento em ataques contra Israel
foram presas na operação, que vasculhou casas e mesquitas
da cidade.
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Tropas israelenses deixam Ramallah e mantêm
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