As origens Em 1808, D. João VI, então regente
de Portugal, decidiu deixar seu país para morar, por tempo indeterminado,
no Brasil, que, na época, era Colônia portuguesa. Não, não
era férias, nem uma “viagem de trabalho programada”. Foi
fuga mesmo! Uma fuga espetacular, que trouxe mais de 15 mil pessoas, entre membros
diretos da Família Real portuguesa, integrantes da nobreza (duques, barões,
marqueses), e outras pessoas consideradas importantes por lá naquela
época. Eles fugiam de Napoleão, que estava prestes a invadir o
país. Essa visita gerou uma série de acontecimentos que culminaram
na Independência do Brasil, em 1822.
• Entenda
o processo de Independência do Brasil.
• Acesse
uma linha do tempo que mostra os principais fatos ocorridos dentro e fora do
Brasil durante esse processo.
O Brasil só teve dois imperadores de
fato: D. Pedro I, que declarou a independência, e seu filho, D. Pedro
II. Este teve três filhos; dois homens e uma mulher. Pelas regras de então
(havia muitas, uma mais curiosa que a outra, como você vai ver ao longo
desta reportagem), dava-se preferência aos homens como herdeiros do trono.
Acontece que os dois filhos homens faleceram, fazendo com que a filha mulher
fosse declarada a Princesa Imperial, ou seja, a herdeira oficial do trono. Estamos
falando de Isabel, princesa que ficou famosa por assinar a Lei Áurea,
que aboliu, pelo menos no papel, a escravatura no Brasil.
Muita água rolou desde então.
No dia 15 de novembro de 1889, o Brasil virou uma república, e quem um
dia foi rei, príncipe ou princesa, não era, a partir daquele momento,
mais nada. Mesmo assim, a família continuou cultivando seus ritos e valores,
como, por exemplo, a regra do casamento dinástico, que dizia que “sangue
azul só combina com sangue azul”. Ou seja, se você fizesse
parte de uma família real, só poderia casar com quem também
tivesse parentesco direto com alguma família real.
Pedro de Alcântara era o filho mais
velho da princesa Isabel. Caso o Brasil voltasse um dia a ser uma monarquia,
ele tinha tudo para ser o herdeiro direto do trono. O problema é que
ele se apaixonou por uma condessa tcheca que não tinha sangue real. Ou
seja, tinha um título de nobreza (condessa), mas não era descendente
de nenhuma família real do mundo.
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• Nobreza e realeza
não são a mesma coisa.
Você já deve ter ouvido títulos como “barão”,
“marquês”, “duque” e “conde”.
São títulos nobres, concedidos a
pessoas por seus méritos pessoais, não importando
se fazem ou não parte da família real. Ou seja, uma
condessa faz parte da nobreza, mas não necessariamente
da realeza. |
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A princesa Isabel achou aquilo um absurdo
e exigiu que o filho terminasse o relacionamento com a condessa, ou então
renunciasse ao trono. Foi o que ele fez: renunciou, em nome de si mesmo e de
todos os seus descendentes, ao direito de, algum dia, assumir o reinado brasileiro.
O direito passou então para o irmão seguinte, D. Luis Maria Filipe,
que manteve o título.
Estes dois filhos da princesa originaram os
dois principais ramos da Família Real brasileira na atualidade: o ramo
de Petrópolis, descendente de D. Pedro de Alcântara e o ramo de
Vassouras, de D. Luis Maria Filipe. E a condição dinástica
não é o único fator que os difere.
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