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Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral.
Óleo sobre tela, 85x73cm |
Pintores e escultores também se juntaram a poetas e escritores
para clamar por mudanças no panorama artístico brasileiro.
Eles reivindicavam o fim da estética realista nas artes plásticas.
Para eles, quadros e esculturas não tinham sido feitos para
imitar a natureza.
Suas manifestações, porém, não figuram
entre as mais bombásticas da semana, não levaram a
fama de manifesto contra a arte dominante. As exposições
não tiveram o intuito explícito de desmoralizar o
classicismo. O confronto mais marcante entre o novo e o antigo antecedeu
a Semana de Arte Moderna.
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O homem amarelo (1915-1916), de Anita
Malfatti.
Óleo sobre tela, 61x51 cm |
Em 1917, Monteiro Lobato expressou em um artigo
toda a sua indignação com a obra de Anita Malfatti,
de inspiração cubista. Publicado no jornal O Estado
de São Paulo, o texto "Paranóia ou Mistificação?"
é, até hoje, o exemplo mais nítido de resistência
à pintura moderna.
Ele escreve:
"Há duas espécies de artistas.
Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em conseqüência
fazem arte pura (...) A outra espécie é formada dos
que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à
luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica
excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de
todos os períodos de decadência; são frutos
de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas
cadentes brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo,
e somem-se logo nas trevas do esquecimento... "
Mais tarde, ele admitiria o exagero de suas posições
e seria mais tolerante com a arte moderna. Tanto é que sua
editora, Monteiro Lobato & Cia, a primeira editora nacional,
lançou o romance Os Condenados, de Oswald de Andrade.
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