Desde o primeiro episódio
da saga, Guerra nas Estrelas sempre foi sinônimo de
mudanças na telona. Agora, com O Ataque dos Clones,
Lucas vai ainda mais longe: impõe a revolução
digital e aposenta de uma vez por todas a película, a matéria-prima
do cinema, na indústria de Hollywood.
Quando foi lançado em
1977, Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança marcou
a história do cinema de forma permanente. Primeiro porque
o diretor teve a ousadia de começar uma série pelo
quarto episódio e, depois, porque representou um grande avanço
nos efeitos especiais. O Império Contra-Ataca (1980)
e O Retorno de Jedi (1983) só vieram reforçar
a nova estética da ficção científica
criada por esses avanços. Depois da trilogia, ninguém
mais estranhou barulhos de explosão ou fogo se alastrando
em pleno espaço sideral. As batalhas espaciais entre as naves
rebeldes e imperiais viraram quase que imediatamente cenas clássicas
na história da sétima arte.
Com o lançamento de Episódio
II - O Ataque dos Clones, George Lucas revoluciona outra vez:
é o primeiro filme inteiramente "filmado" com uma
câmara digital. Isso quer dizer que o cineasta literalmente
aposentou a película (o filme) em suas produções,
tornando o processo de fazer filmes muito mais barato, pois este
exclui, por exemplo, a revelação do filme (que precisa
ser revelado como o filme fotográfico).
Para o público, nada
de muito diferente, já que a qualidade do cinema digital
é praticamente a mesma da película, mas, para a indústria
de Hollywood, significa uma mudança radical. Como os filmes
serão armazenados numa espécie de disco rígido
(HD) parecido com o que você tem em seu computador, as equipes
que os fazem poderão sair direto do set de filmagem para
as salas de edição. As distribuidoras não precisarão
mais gastar dinheiro fazendo várias cópias do filme
para enviá-las mundo afora. Agora, basta enviá-los
por satélite ou por fibra ótica diretamente para as
salas de exibição. Significa também que os
estúdios terão matrizes de seus filmes que não
perderão qualidade nunca e ainda reduzirão o espaço
necessário para armazená-las. Em Hollywood, esse advento
está sendo comparado à inclusão da fala no
cinema em 1927.
Esse projeto teve início
em 1995, enquanto Lucas fazia as produções da nova
trilogia. O cineasta pensou que poderia usar a nova tecnologia para
fazer algumas cenas do Episódio II. Juntou mais duas
empresas ao projeto encabeçado pela LucasFilm (veja o quadro
nessa página), a Sony, para fornecer a tecnologia digital,
e a Panavison, para fornecer as câmeras e as lentes. Mas o
projeto avançou tão rápido que a nova câmara
digital foi utilizada antes do previsto, ainda no Episódio
I, mas somente em algumas cenas. Sete anos depois de iniciado
o projeto, conseguiram lançar o Episódio II
produzido totalmente com a nova tecnologia.
Um dos empecilhos para a democratização
do cinema digital são os projetores das salas de exibição,
que não trabalham com essa tecnologia. Portanto, você
vai assistir ao Episódio II - O Ataque dos Clones
nos cinemas brasileiros sem perceber nenhuma mudança. Mas
os criadores do projeto esperam que, em breve, os novos projetores
sejam barateados (atualmente, custam em torno de U$125 mil, preço
considerado alto para esses equipamentos) e que sejam criados novos
sistemas que possibilitem aos projetores atuais utilizar os filmes
digitais.
O verdadeiro império
O sucesso da série
Star Wars permitiu a George Lucas a criação
de um verdadeiro império do entretenimento: o Lucas
Group, um conglomerado que se divide em cinco companhias.
A LucasArts, responsável pelo desenvolvimento de
jogos eletrônicos para computador e videogames; a
LucasFilm, produtora de filmes para cinema e TV que inclui
o THX Group; a Lucas Digital, que consiste na Industrial
Light & Magic (ILM) e no Skywalker Sound, que provê
toda a indústria de entretenimento de efeitos visuais
e sonoros e pós-produção de áudio;
a Lucas Licensing, que é responsável pelo
merchandising da LucasFilm; e a Lucas Learning, que cria
produtos educacionais e mantém cargos para pesquisa
nessa área.
Para se ter uma idéia
do poder desse conglomerado, a ILM é a maior produtora
de efeitos especiais de Hollywood. Chegou a criar efeitos
até para um dos filmes de Jornada nas Estrelas (A
Ira de Khan, de 1982). Foi também a empresa responsável
por dois dos maiores momentos dos efeitos visuais no cinema:
Jurassic Park, de Steven Spilberg, e O Exterminador
do Futuro 2, de James Cameron.
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