Para quem combate o tráfico, essa atividade toda não é de
responsabilidade somente dos traficantes, pois quem compra esses animais também
contribui diretamente para o sofrimento e a morte deles. Segundo especialistas,
a idéia de que os seres humanos são soberanos sobre a vida animal
é a origem desse tipo de crime, e apenas reprimir o comércio ilegal
não resolve o problema; é preciso conscientizar a população,
que, no fim das contas, é quem compra os bichos.
Crédito: Roberto Cabral Borges
/ Ibama |
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Filhote de papagaio que estava sendo vendido em uma
feira em Pedregal (GO). Quando viu os fiscais do Ibama, o traficante jogou
o animalzinho no chão. |
“Infelizmente, uma parte da sociedade é conivente com o tráfico.
Toda vez que alguém compra um animal silvestre, está fomentando
esse comércio. E, enquanto houver compradores, existirão vendedores”,
afirma Dener Giovanini, coordenador geral da Rede Nacional de Combate ao Tráfico
de Animais Silvestres — Renctas.
Combater esse tipo de atividade criminosa em um país grande, como é
o caso do Brasil, é muito complicado. O Ibama reconhece que faltam verbas
para a contratação de mais fiscais e infra-estrutura para cumprir
a tarefa. Além disso, o órgão pode autuar apenas os traficantes
pegos em flagrante, mas só quem pode prendê-los são oficiais
das polícias federal, florestal, militar, rodoviária e civil.
A lei também é falha quanto à punição dos
traficantes: eles são soltos mediante pagamento de fiança e não
respondem a processo. “A legislação brasileira é
muito omissa e de difícil aplicação. Quando um traficante
é preso, ele paga uma fiança que chega no máximo a R$ 300,
e a condenação se limita à distribuição de
cestas básicas”, lembra Giovanini.
No fim, a única vantagem do flagrante acaba sendo a recuperação
dos animais. Quando isso acontece, os bichos são encaminhados para o
Centro de Manejo de Animais Silvestres — Cemas. Lá, os animais
recebem cuidados médicos, já que quase sempre estão em
péssimas condições de saúde, e então podem
ser encaminhados a zoológicos ou criadouros. Nos criadouros autorizados,
os animais apreendidos não podem ser vendidos, mas seus filhotes, sim.
Vale lembrar que não é somente o animal capturado que vai fazer
falta ao ambiente, mas também os descendentes que ele não terá.
Esse círculo vicioso acaba causando um impacto enorme no meio ambiente
e levando algumas espécies rapidamente à extinção.
E esse processo não se restringe apenas à espécie capturada.
Na natureza, as espécies estão interligadas por meio da teia alimentar,
ou seja, os animais comem e são comidos por outros animais, além
de se alimentarem de plantas, realizarem a polinização delas e,
muitas vezes, serem responsáveis por dispersar suas sementes.
Para o coordenador da Renctas, o Brasil só vai inverter essa situação
quando houver uma política de meio ambiente mais séria, já
que a atual não consegue proteger um país com uma natureza tão
abundante. “Falta investimento do governo, infra-estrutura e apoio de
recursos humanos para os órgãos de fiscalização.
A Renctas dá sua contribuição conscientizando a sociedade.
Acredito que um resultado realmente positivo existirá quando houver parceria
entre governo e sociedade”.
Como ajudar no combate ao tráfico de animais?
Não compre animais silvestres que não tenham origem legal.
Não adquira artesanatos que possuam partes de animais silvestres,
a não ser que sejam procedentes de manejo sustentável.
Clique
aqui e denuncie traficantes
Ainda que você sinta pena de um animal que esteja nas mãos
de um traficante, não o compre, pois, se fizer isso, estará
incentivando o tráfico.
Se você tem um animal silvestre, não o solte simplesmente;
entre em contato com a unidade do Ibama mais próxima.
Fonte: Ibama
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