No Ano Internacional do Voluntário,
cada vez mais pessoas descobrem que dedicar seu talento e parte
do seu tempo para ajudar alguém é também
uma fonte de alegria e aprendizado.
Raíssa Rauter
 |
Ocupar o tempo livre, adquirir experiência
e qualificação profissional ou alimentar o desejo
despretensioso de fazer o bem a alguém. Pouco importa
o motivo, voluntário é toda pessoa que se deixou
mover pela generosidade e presta serviços comunitários
sem remuneração. No início, a motivação
para ajudar o próximo era, sobretudo, religiosa. Atribui-se
o surgimento do voluntariado no país à fundação
da Santa Casa de Misericórdia, em 1543, na ex-vila
de Santos.
Em cinco séculos de grande coração, ser
solidário nunca foi tão contagiante. O Comitê
do Ano
Internacional do Voluntário (AIV-2001) estima
em 20 milhões o número de brasileiros que atualmente
tomam para si o desafio de combater as desigualdades sociais.
Além de crescer e aparecer, o voluntariado também
mudou de cara. O assistencialismo de outrora, aos poucos,
dá lugar a outro espírito. O que antes exigia
apenas boa vontade, hoje requer compromisso, envolvimento
e responsabilidade.
Saiba
quais são os direitos e deveres dos voluntários
>>
José Dias/Agência
Brasil
 |
Zilda Arns |
O voluntário de hoje carrega consigo
a certeza de poder transformar a realidade em que vive. Pôr
seus conhecimentos a serviço da escola, do asilo, da
creche ou do hospital mais próximo é só
o ponto de partida para construir um mundo melhor. Segundo
Milú Vilela, presidente do Comitê AIV-2001, o
voluntário "não apenas alivia um drama".
Seu esforço deve "ter o propósito de criar
uma profunda transformação no país".
Esse desejo de mudança tem aumentando o número
de jovens
voluntários.
Você duvida? Quem pensa que mudar o
país é algo inalcançável, precisa
conhecer a história da médica e sanitarista
Zilda Arns Neumann, 66. Ela é uma prova viva de que
idéias simples e muita perseverança fazem enorme
diferença. Em 1983, criou a Pastoral da Criança
e trabalhava quase sozinha. Hoje coordena cerca de 150 mil
voluntários, em mais de 3 mil municípios de
todos os estados do Brasil. Nove a cada dez agentes da Pastoral
moram em favelas e são os grandes responsáveis
por dar vida nova à sua comunidade. Graças ao
voluntariado, a Pastoral gasta menos de R$ 1 por criança
ao mês.
A Pastoral dá noções simples de vacinação,
higiene, nutrição e aleitamento materno. Ensina,
por exemplo, que água, açúcar e sal formam
o soro caseiro e podem salvar a vida de uma criança
desnutrida ou com diarréia. Ou que, pesando os bebês,
as mães podem verificar se a criança está
crescendo direitinho. Por onde a Pastoral já passou,
a mortalidade infantil é de 12 a 17 óbitos a
cada mil nascidos. Segundo o Unicef, a média nacional
é muito maior, 35.
Este ano, a Pastoral da Criança
que já esparramou sua rede de solidariedade por dez
países foi indicada para concorrer ao Prêmio
Nobel da Paz.
Conheça
também a experiência de jovens
que estão a frente de projetos sociais >>
|